“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” Jo 13.34,35
Nos últimos momentos com os seus discípulos, Jesus discursou para eles de forma muita clara sobre o que está para acontecer e aproveitou para lhes dar um NOVO mandamento. No entanto, mesmo num clima de muita sinceridade e linguagem fácil, ainda se via como os discípulos eram tardos de coração para compreender as palavras do Senhor. O apóstolo Pedro não aceitou os dizeres de Cristo e insistiu que pelo seu Senhor daria a própria vida (Jo.13.37). O Senhor lhe adiantou que isso não aconteceria pois Pedro iria negá-lo naquela mesma noite (Jo.13.38). Eles eram tardos de coração para entender as palavras de Cristo e para aceitá-las. Por que tanta resistência para aceitar a palavra de Deus como ela é?
Mas, em meio aquele contexto de revelação do traidor, rejeição por parte de Pedro, o Senhor não se distrai do seu alvo e lhes dá o NOVO mandamento com consiste nisso: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Vamos considerar três fortes argumentos porque deve este mandamento ser obedecido:
1. Trata-se de uma ordem do Rei Jesus. O amor é a característica principal do reino de Deus. É um dos maiores atributos de Deus. Foi em amor que Ele predestinou sua igreja (Ef 1.5,6). “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento”(I Jo 3:23).
É o comando do nosso Senhor, que tem toda autoridade sobre nós, é o comando de nosso Redentor. É um novo mandamento, ou seja, É um mandamento renovado; foi um mandamento desde o início, tão antigo quanto a lei da natureza, foi o segundo grande mandamento da lei de Moisés, e tornou-se um dos grandes mandamentos do Novo Testamento, de Cristo, o novo Legislador, é chamado de um novo mandamento: é como um livro antigo em uma nova edição corrigida e ampliada.
Este mandamento foi tão corrompido pelas tradições judaicas que, quando Cristo veio em carne, resolveu chamá-lo de NOVO. Leis de vingança e retaliação estavam tão em voga, e amor-egoista era o que prevalecia. A lei do amor fraterno foi esquecido como obsoletos e fora de moda.
É um excelente mandamento e soa como uma nova canção esquecida e colocada de lado. É um mandamento eterno; tão estranhamente novo a ser sempre assim, como a nova aliança, que nunca apodrece (Hebreus 8:13) E será novo para a eternidade, quando a fé e a esperança se tornarão antiquados e inúteis.
Antes era: Amarás o teu próximo, agora é, Você deve amar um ao outro, é pressionado de forma a ganhar um novo sentido, o sentido de comunhão consciente entre duas pessoas que se sentem unidas por uma causa maior a tudo que possa separá-los.
2. Este mandamento deve ser obedecido por causa do exemplo pessoal de quem o ortogou, o exemplo do próprio Salvador: Como eu vos amei. É isso que faz com que seja um mandamento novo (como eu vos amei) – algo que tinha sido escondido de idades e gerações. Aqui devem ser lembradas todas as instâncias do amor de Cristo aos seus discípulos. Tudo o que eles já haviam experimentado durante o tempo em que o Mestre estava pessoalmente entre eles. Jesus falou ao coração deles, preocupou-se vivamente por eles, e para o seu bem-estar, instruiu, aconselhou e os consolou, orou com eles e por eles, foi justificado quando eles foram acusados, publicamente declarou que eles eram maisimportantes pra ele do que sua mãe ou irmã ou irmão. Ele os repreendeu por aquilo que estava errado, e ainda com compaixão suportou suas falhas, deu-lhes o seu perdão, acreditou neles, deu-lhes ajuda nas horas mais difíceis, ergue-lhes quando estavam caídos, fez o melhor por eles. Assim, ele os amou, lavou seus pés, e, por fim, entregou sua vida para salvá-los. Portanto, Jesus tem toda autoridade para ordenar que eles devem se amar mutuamente até o fim. Não que sejamos capazes de fazer qualquer coisa da mesma natureza como Jesus fez, mas devemos amar uns aos outros em alguns aspectos da mesma maneira (Sl 49: 7). Nosso amor um para o outro deve estar livre e pronto, trabalhoso e caro, constante e perseverante. Devemos amar uns aos outros a partir deste motivo, - porque Cristo nos amou. (Rom.15.1,3; Fl 2: 1-5.)
3. Este mandamento deve ser cumprido por causa da Reputação da Verdadeira Igreja de Cristo (v. 35): Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Observe, devemos ter amor, não só mostrar o amor, mas tê-lo na raiz e no hábito dele, e tê-lo mesmo quando não precisar mostrá-lo. Nisto ele vai revelar que você é realmente um seguidor de Cristo.
O amor fraterno é o distintivo dos verdadeiros discípulos de Cristo. Por isso, ele os conhece, por isso, podem conhecer-se (1 João 2. 14), e por isso os outros podem conhecê-los. Esta é a farda da família de Cristo, o caráter distintivo dos seus discípulos, aquilo que é abertamente visto por todos, aquilo que supera todas suspeitas do falso cristianismo e que referenda o cristianismo verdadeiro de forma pública. Isso foi o que tornou Jesus famoso, pois tudo o que fazia e tudo o que dizia expressava o seu incondicional amor pelo homem. Alguém de fora da igreja, poderá constatar pela observação do estilo de vida dos discípulos verdadeiros, uma grande verdade: "Certamente, estes são os seguidores verdadeiros de Cristo, pois estão amando como Jesus amou."
Jesus não disse que os homens saberiam que eles seriam seus discípulos - se realizassem milagres, se expulsassem demônios ou mesmo se fossem grandes pregadores do Evangelho. Conquanto os dons espirituais são úteis, as obras também devem ser feitas pelos cristãos, ainda assim elas não podem ser a prova da legitimidade da Igreja genuina. Tais coisas podem ser falsificadas e servir para confundir a mente de pessoas honestas que querem realmente servir a Deus. O amor de Cristo, porém, jamais poderá aparecer de forma falsa. Ninguém pode falsificar amor pois o amor de Cristo está isento da falsificação. Quando não não há amor em uma pessoa, logo isto se torna visivel a todos. Esta pessoa pode ser o mais instruído entre os homens, pode ser o maior operador de milagres, pode ser o mais eloquente entre os pregadores, mas se não tiver amor, nada será.(ICo. 13.2).
Ora, se os seguidores de Cristo não se amam, se existem entre eles acusações injustas, tentativas de denegrir a imagem um do outro, se existem entre eles coisas tais como ciúme, inveja, partidos e disputas, isso dará justa causa para se suspeitar de sua veracidade como Discípulos de Cristo. Alguém poderia por justa causa, perguntar: Ó Jesus! são estes os teus seguidores, tão irados, Tão hipócritas e maliciosos, tão maldosos, pessoas tão mal-humoradas? Tertuliano fala da glória da igreja primitiva onde os cristãos eram conhecidos pelo seu carinho mútuo e pela maneira amorosa que eles tratavam uns aos outros.
Quando os nossos irmãos estão precisando de nossa ajuda e temos a oportunidade e condição de ajudá-los, quando os ajudamos mesmo que eles diferem de nós em opinião e prática, isto se torna uma ocasião muito apropriada para glorificar a Jesus e mostrar a cara da verdadeira Igreja de Cristo.
Rev. Alcimar Dantas Dias