terça-feira, 16 de agosto de 2011

A Linguagem e o Pensamento



Chomsky trata em seu livro “A Linguagem e o Pensamento”p.21 e 22 sobre a importância dos escritos do médico espanhol Juan Huarte que publicou no final do séc XVI um estudo amplamente traduzido, sobre a natureza da inteligência humana, no qual são distinguidos três níveis:
1. O nível mais baixo foi chamado de “Inteligência Dócil” que consiste da manifestação do pensamento através dos sentidos.
2. O nível normal é o nível que vai além da limitação empirista, capaz de engendrar em si, por seu próprio poder, princípios sobre os quais repousa o conhecimento. Os espíritos humanos normais são capazes de, por si mesmos, produzirem milhares de conceitos de que nunca ouviram falar. São capazes de inventar e dizer coisas que nunca ouviram de outros. Neste caso, a Inteligência humana consegue adquirir conhecimento por seus próprios recursos internos, fazendo uso dos sentidos e construindo um sistema cognoscitivo em termos de conceitos e princípios independentes; e é capaz de expressar esse conhecimento por meios que transcendem qualquer exercício ou experiência.
3. O nível mais avançado, postulado por Huarte, é uma espécie de inteligência que, sem arte ou estudo, alguns dizem coisas tão sutis e surpreendentes, verdadeiras e nunca ouvidas antes por boca de algum mestre. Segundo Huarte, trata-se da verdadeira criatividade. É o exercício da imaginação criadora que excedem a inteligência normal e pode, segundo seu julgamento, envolver uma mistura de loucura.
Para Huarte, a distinção entre a Inteligência dócil e a normal é o que separa o homem dos animais. Huarte descobriu que a palavra inteligência vem da mesma raiz latina de outras palavras que significam engendrar ou gerar. A natureza do pensamento então, distingue entre dois poderes existentes no homem, um que é comum aos animais e às plantas e outro que é participante da substância espiritual.
Alcimar Dantas Dias

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Velha Escrita

Como já desconfiava, agora fiquei mais certo de que o ato de escrever usando o lápis e papel faz bem à saúde .

Li recentemente, na Revista Veja, edição 2227, de 27 de Julho último, excelente reportagem sobre a importância da escrita cursiva (aquela em que as letras são ligadas umas nas outras). Recentemente, uma decisão tomada no estado America de Indiana, desobrigou as escolas de ensinar a escrita cursiva, recomendando que elas passagem a dedicar-se à digitação em teclados de computador. Decisão esta que deverá ser seguida pelo resto dos estados americanos. Ou seja, cada vez mais tem se tornado oficial tal prática pelo mundo inteiro.

O especialista americano Mark Warschauer, professor da Universidade da Califórnia, afirmou que “ter destreza no computador tornou-se um bem infinitamente mais valioso do que produzir uma boa letra.” Embora isto pareça ser o senso comum, recentes pesquisas na área da neurociência sugere uma reflexão acerca dos efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel.

A observação de cérebros de crianças e adultos tem mostrado claramente que a escrita de próprio punho provoca uma atividade significativamente mais intensa que a digitalização na região dedicada ao processamento das informações armazenadas na memória, o que tem ligação direta com a elaboração e expressão de idéias. Está provado que o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios naquela parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das palavras, contribuindo assim assim para a fluidez da leitura. A neurocientista Elvira Sousa Lima explica que “pelas habilidades que requer, o exercício da escrita manual é mais sofisticado, por isso põe o cérebro para trabalhar com mais vigor.”


É importante lembrar que no Brasil, a caligrafia era importante matéria exigida nos exames de admissão no antigo Ginásio, até os anos 70. Depois disto, começou a haver uma decadência em caligrafia, problema este que tomou mais força com o advento do computador.

Eis um grande problema para as escolas da atualidade. Embora tenha sido relevante para a educação o uso do computador, não se pode desprestigiar a prática da escrita de próprio punho.

Alcimar D Dias